Conto meus dias pela quantidade de horas de trabalho
Conto meus amores pelas inúmeras desilusões vividas
Conto meus dias de vida pelas bitucas apagadas no cinzeiro
Conto minhas alegrias pelos bons momentos do passado
Conto meus companheiros pelos diversos indivíduos indesejáveis ao redor
Conto meu dinheiro pelo preço dos pacotes de feijão
Conto minhas músicas pelas repetidas notas desafinadas
Conto meus exames pela concentração de granulações tóxicas
Conto meus livros pelo número de páginas rasgadas
Conto meus sapatos pelos furos em suas solas
Conto meus programas pelas infinitas informações errôneas
Conto meus familiares pelas habituais hipocrisias
Conto minha liberdade pelas fixas correntes em meus pés
Conto meu tempo pelas noites mal dormidas
Conto minha fala pelo valor das ligações
Conto meus porres pela quantidade de copos d'água
Conto minhas dores pelas cápsulas ingeridas
Conto minhas viagens pelos finais de semana ociosos
Conto minhas drogas pelos êxtases alcançados
Conto minha fome pelos espaços vazios no armário
Conto meus conhecimentos pelas frequentes aulas cabuladas
Conto minhas histórias pelas memórias esquecidas
Conto minhas conquistas pelos viciosos fracassos no caminho
Conto meu sexo pelos tristes romances não terminados
Por fim, conto meu futuro pelas feridas ressonantes do passado.
20 horas e 31 minutos de 28 de janeiro de 2011.
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