Um dia olhei pela janela
e vi que fizeram um bruta predião
bem no meio da minha rua
ofuscando os olhos dela
e Eleonora era tão bela
violentada e seminua
agora não vale um tostão
apesar dos dólares do patrão.
No meio-fio vejo roedores
asfalto amarelo sangue
ondas radiofônicas abaixo do chão
motos nas antenas
mil enxames de abelhas
em direção da cabeça do sacristão.
Aquela porta de alumínio que brilha
já não mora ninguém, a senhora morreu
no jardim de trás conversas
só até a meia-noite
o casal que briga com gosto
e os imigrantes trabalhando sem nojo.
Nada fiz, nada pude
para rever a situação
as paredes do meu quarto bem pintadas
e a sombra do colosso engasgada
não é meu o que nunca foi meu
põe as costas a repousar
clamarei eternamente o teu perdão.
19 horas e 26 minutos de 21 de maio de 2013.
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