Hoje eu vou gangrenar a face
entupir os sinos paranasais
deslumbrar o olhar turvo
esfumaçar o quarto, a vila e o bairro
encher a barriga de álcool 92
e destruir as velhas adagas
de anos passados, de momentos não vividos
ouvir o som mais alto
incomodar os vizinhos enquanto me acomodo
de olho numa estrada calma
distraindo o tempo
recheando de bombons aromatizados
em poeira que sobe e desce
pois Nicuri é o diabo
vaporiza o que é sólido
grão em grão queimando
de olho n’água
robustos olhos, melhor que escapa
nhô nhô nhô e nhá nhá nhá foram pro céu
descido a costa alta, relutante deste naufrágio
uma selva de pedra de pedras
não queria essa raspa de Teixeira
queijo ralado, marca fraca, vaca pobre
deliciosos recôncavos, dorme velhinho
apodrecido pelo já reorganizado espírito
calço qualquer calo, rapadura é o que não falta
roda a roda redonda em voltas cíclicas de outrora
chegando ao infinito
nada me é restrito, tudo parece possível
juventude de volta, umbilicalmente o umbigo
sabão de coco misturado na narina desagradada
só queria matar a saudade, e fingir que você não vê
nem meu grito, nem meu lamento
mas nem sei mais quanto eu aguento
prefiro não arriscar o intento
melhor mesmo voltar a realidade
e parar de perder meu tempo.
Meia-noite e 35 de 2 de agosto de 2013.
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