Eu sei que aquilo é a morte
a morte premeditada
não sei como entrei naquilo
quando vi já tinha dado descarga
e aquilo continua em mim
mesmo eu a tendo expurgado
não vai embora de mim
e fica e canta e lembra
e compra e vende e revende
No teto baixo do meu quarto
um pouco afundado
não vejo luz nem vejo descaso
só vejo a pedra no sapato
no ralo, no braço
nem o calendário asteca me agrada
nem a Nossa Senhora me salva
daquela coisa
que não amaldiçôo
porque sei que a culpa não é dela
a culpa é minha
E aquilo continua em mim
deixou marcas irreversíveis
como a chuva que chove lá fora
mas não chove, o tempo é seco
a Cantareira está seca
minha boca está seca
o meu cigarro está apagado
E assim vamos
e assim vemos
a vida passar num piscar de olhos
e aquela coisa continua...
23 horas e 32 minutos de 22 de julho de 2014.
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