Completei dois anos de vadiagem e nem percebi
dia dezoito de janeiro de dois mil e treze fui mandando embora
enxotado, espezinhado, posto na rua como um despejado
fugi da polícia, corri pelas vielas da favela
cai no chão de cara na bosta do gato
me caguei todo, fui espancado por três maltrapilhos
bebi urina e meu próprio sangue...
Sai renovado, como um passarinho que aprende a voar
por meses a fio vivi os melhores anos da minha vida
andava pelos parques da cidade, conhecia novos lugares
não falava com ninguém, mas me divertia
morei de favor, vendi drogas, vendi até o meu próprio corpo
me desconectei de tudo...
Mas a realidade voltou em seguida
ao final do melhor ano da minha vida descobri a sangria
minha saliva já não era mais a mesma, meus pensamentos abstratos perdidos no ar
nem meu sexo, tão calorento e selvagem, virou algo minguado que não dá nem vontade...
Completei esses dois anos e agora é a hora
o astrólogo argentino – maldito, pra quê tanta sinceridade? – disse pra deixar pra trás tudo isso
eu, um pouco confuso, que nem lembrei do aniversário trágico, devo me decidir.
Conto com Deus, e ninguém mais!
21 horas e 40 minutos de 18 de janeiro de 2015.
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