Psoríase não é comigo
nem tampouco doença pulmonar
duma gota dum olho d'água
calçada rachada
deságua o meu mar
nas ruas do teu lar.
Num casco velho na parede
chorume verde
papéis de bala pelo chão
o lixo na contramão
a mão segurando o pão
e sapatos do perdão.
Nem o ralo, nem a válvula
que segura aquela água
deságuam no meu peito
tantas dores desta alma
já no céu bem nublado
chuva, riscos, desculpas
nada.
Um cigarro, um cigarrinho
tudo poderia ser assim
tão mais do jeito que é.
As cadeiras só rolam
e a água sanitária
corre em minhas veias
um pano de chão rasgado
eu nem queria mesmo.
Uma brasa no meio do nada
eu bem que queria
estar por entre estas fatias
dum galho, dum macaco, dum rato
dum jenipapo
tumor, inhame, dor.
Fumaça arrastada
não me leva nada
esqueceste ainda como era
como foi e o que será
e por fim
na deságua do meu mar
encontrarei meu clímax.
(latidos)
Meia-noite de 1º de junho de 2013.
Parabéns! Belíssima poesia! Beijão no seu coração...
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