Enfermo
Se a fagulha da vida agoniza
o corpo latente que luta
nem mesmo a morte aterroriza,
e chama, e ninguém escuta.
Se a mente confusa acredita
é perigo!
A imagem escura e maldita
te leva consigo.
Mas a alma é mais forte e sincera
e não deixa que o trovão estremeça
o coração que a tanto espera
pelo amor que jamais o esqueça.
A chuva sem trégua lá fora
ensurdece o ouvido já tampado
e entristece a noite e piora
a dor das lembranças de um tempo passado.
Se os olhos chorosos se esquecem
de manterem-se atentos
aquele senhora os entorpece
levando-os aos seus funestos intentos.
E se a narina na marra curada
se deixa sentir esta brisa
lá está ela preparada
pega teu sangue, ferve e frisa
e depois “embotilha”
numa bela garrafa, sem dó
e na noite em que a lua brilha
unânime, bebe tudo num gole só!
Nesta hora somente o Cosmos é capaz
de socorrer a energia perdida
que sob o corpo enfermo traz
o semblante sofrido da vida
de um jovem que busca a paz
na irrealidade de uma memória iludida.
3 horas e 4 minutos de 23 de dezembro de 2010.