Preferi a janta ao invés do protesto
não porque seja indigesto
pois carrego comigo fuzis-manifestos
mas porque mesmo o estômago pede.
17 de junho de 2013.
Preferi a janta ao invés do protesto
não porque seja indigesto
pois carrego comigo fuzis-manifestos
mas porque mesmo o estômago pede.
17 de junho de 2013.
Doçura, fina voz
madame da minha mocidade
desamarrou todos os nós
e me pôs pra dentro da cidade.
Não deixou-me iludir
desde pequeno me fez sorrir
me levou para sua viagem
de infinitas paisagens.
Teu vestido belíssimo, Eleonora
arrancado a força e asfixia
não tirou tua beleza e primazia
e assim no teu cais pus minha âncora.
Por um maremoto fui arrastado
para longe das tuas praias
agora é no choro sussurrado
que encontro as minhas vaias.
De soberba nunca vivemos
redenção para os pecados nossos
pelos momentos que nos entretemos
mas não volte a buscar os destroços.
Adeus, deusa-mãe
repouse sob a nostalgia
arco-íris e ferida eterna.
21 de janeiro de 2013.
É melhor mesmo não saber aonde fica a boca...
Dez e meia da noite de 3 de junho de 2013.
Do missoshiro
sobrou só calmante de brilho
respingo dum olho d'água
enterrado o nariz amaralino
restinga de estribilho
no mangue do asfalto rachado
coração apertado de raspa do lado
calmaria decalcada de Skol e cigarros
doce queijo eras tu
comendo carne de tatu
respaldada pelo cartão e salário
meu nível econômico desdentado
impossibilitou o relutante sufrágio
tão sonhado no recalque dela
que por entre pernas terá sonhado
diminuto é meu estágio atrasado
para alcançar a liberdade da alma
meu petilho de tomate doce
gramínea do meu mercado d'água
reluta a vender o papo e trocar por sopapo
meu agasalho em tu
e estará deitado...
21 horas e 18 minutos de 9 de maio de 2013.
Psoríase não é comigo
nem tampouco doença pulmonar
duma gota dum olho d'água
calçada rachada
deságua o meu mar
nas ruas do teu lar.
Num casco velho na parede
chorume verde
papéis de bala pelo chão
o lixo na contramão
a mão segurando o pão
e sapatos do perdão.
Nem o ralo, nem a válvula
que segura aquela água
deságuam no meu peito
tantas dores desta alma
já no céu bem nublado
chuva, riscos, desculpas
nada.
Um cigarro, um cigarrinho
tudo poderia ser assim
tão mais do jeito que é.
As cadeiras só rolam
e a água sanitária
corre em minhas veias
um pano de chão rasgado
eu nem queria mesmo.
Uma brasa no meio do nada
eu bem que queria
estar por entre estas fatias
dum galho, dum macaco, dum rato
dum jenipapo
tumor, inhame, dor.
Fumaça arrastada
não me leva nada
esqueceste ainda como era
como foi e o que será
e por fim
na deságua do meu mar
encontrarei meu clímax.
(latidos)
Meia-noite de 1º de junho de 2013.