terça-feira, 18 de junho de 2013

O dia em que São Paulo parou?

Preferi a janta ao invés do protesto

não porque seja indigesto

pois carrego comigo fuzis-manifestos

mas porque mesmo o estômago pede.


17 de junho de 2013.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

370

Doçura, fina voz

madame da minha mocidade

desamarrou todos os nós

e me pôs pra dentro da cidade.


Não deixou-me iludir

desde pequeno me fez sorrir

me levou para sua viagem

de infinitas paisagens.


Teu vestido belíssimo, Eleonora

arrancado a força e asfixia

não tirou tua beleza e primazia

e assim no teu cais pus minha âncora.


Por um maremoto fui arrastado

para longe das tuas praias

agora é no choro sussurrado

que encontro as minhas vaias.


De soberba nunca vivemos

redenção para os pecados nossos

pelos momentos que nos entretemos

mas não volte a buscar os destroços.


Adeus, deusa-mãe

repouse sob a nostalgia

arco-íris e ferida eterna.


21 de janeiro de 2013.

Da boca ao pulmão, do pulmão à boca

É melhor mesmo não saber aonde fica a boca...


Dez e meia da noite de 3 de junho de 2013.

Missoshiro

Do missoshiro

sobrou só calmante de brilho

respingo dum olho d'água

enterrado o nariz amaralino

restinga de estribilho

no mangue do asfalto rachado

coração apertado de raspa do lado

calmaria decalcada de Skol e cigarros

doce queijo eras tu

comendo carne de tatu

respaldada pelo cartão e salário

meu nível econômico desdentado

impossibilitou o relutante sufrágio

tão sonhado no recalque dela

que por entre pernas terá sonhado

diminuto é meu estágio atrasado

para alcançar a liberdade da alma

meu petilho de tomate doce

gramínea do meu mercado d'água

reluta a vender o papo e trocar por sopapo

meu agasalho em tu

e estará deitado...


21 horas e 18 minutos de 9 de maio de 2013.

sábado, 1 de junho de 2013

Olho d'água

Psoríase não é comigo

nem tampouco doença pulmonar

duma gota dum olho d'água

calçada rachada

deságua o meu mar

nas ruas do teu lar.


Num casco velho na parede

chorume verde

papéis de bala pelo chão

o lixo na contramão

a mão segurando o pão

e sapatos do perdão.


Nem o ralo, nem a válvula

que segura aquela água

deságuam no meu peito

tantas dores desta alma

já no céu bem nublado

chuva, riscos, desculpas

nada.


Um cigarro, um cigarrinho

tudo poderia ser assim

tão mais do jeito que é.


As cadeiras só rolam

e a água sanitária

corre em minhas veias

um pano de chão rasgado

eu nem queria mesmo.


Uma brasa no meio do nada

eu bem que queria

estar por entre estas fatias

dum galho, dum macaco, dum rato

dum jenipapo

tumor, inhame, dor.


Fumaça arrastada

não me leva nada

esqueceste ainda como era

como foi e o que será

e por fim

na deságua do meu mar

encontrarei meu clímax.


(latidos)


Meia-noite de 1º de junho de 2013.