sábado, 13 de abril de 2013

Braços de uns, pernas de outros

Fizeram o trabalhador subir no alto do guindaste

pra trocar o logotipo, o letreiro, a fachada

quase um tipo (estranho) lá no alto dos céus

a polir o corroído, aquele banco amarelo

que todo mundo conhece e o credor não esquece

de brasilidade já não tem mais nada

o suor escorre enquanto o outro puxa a escada

para ter o ganha-pão tem que esculpir pedra-sabão,

lavar o pano sujo, e não do menor infrator

e enquanto lá embaixo tiram o arroz com feijão

da máquina eletrônica movida à comissão

respinga sangue da testa e cola bem o adesivo

já tá avisado, sem aviso, e nem prévio ou anterior

que é fim de mês eu já subia, só não sabia da inflação

ainda bem que tem as nuvens, me consolam, eu sei

desvanece minha alma e baixa o nível da escada

logo logo chego em casa, a mulher me tem amor.


Meio-dia e trinta de 13 de abril de 2013.

Praieiro Urbano

Quem vai fazer agora a rima

quem é que desanima

quem é que desatina

com as minas?

Quem é que põe o jogo

quem é que está querendo

quem é que está mamando

quem é que está bebendo?

Quem pode ser aquele do lado

de cabelo arrepiado?

Segue bom e segue justo em seu caminho

olha pra trás, olha pra frente

faz seu destino

Não pode ser mais assim

eu só queria um pouco mais de alegria

eu só posso viver cantando, cantarolando

e dizendo que sou bom

nem que sou anjo

vou cantando e levando

um gole para o santo

garrafas estão rolando

Eu quero ver quem é que vai aguentar

o pique da cana tem que virar

a coisa mexe dentro de você

e quando você percebe

ela nem vai perceber

e se você quiser

um pouco mais de atenção

me dê aquilo que eu quero

então eu só queria um gole a mais

uma saideira pra...

tanto faz

Eu não queria saber

nem dizer aonde vou

nem quem sou

aonde quero e pra onde vou

eu não quero dizer

não posso, não devo, não devia

mas eu quero agora acabar com essa agonia

e num mais gole de alegria

trazer pra dentro de mim tudo aquilo que eu queria

toda aquela harmonia

que me deixa bem


23 horas e 45 minutos de 24 de novembro de 2011.

The Last Night

Don't stay here anymore

Mesmo nesta magical night

Embebida a seco

I will live with you

I don't want to look the sky

Esta fumaça aumenta a pressão

E o vento de mosquitos me pica

The soul is still here

'Cause there's nothing to see

Calmaria de desespero

Despedidas aos transeuntes

Se my home não é mais my home

É melhor mesmo esquecer

Coltrane e Armstrong estão aqui

Apesar do quarto quase vazio

I will pray

Din-din-don nos ouvidos não mais

Mama is waiting for me

And I won't cry

Believe, my guy

As trancas se abrirão

O despojo se esvairá

Os perfumes ao lixo

E os barris ao destino

Me faltam poucas linhas

Talvez nunca mais

But I know that God is great

Me reserva um canto de paz

Não minto a mim mesmo

Os franceses também me deixarão

Instead, I will open the door

Encontrarei meu paraíso

Minha história e meus singelos sonhos

Estão longe de acabar

Give me a hug and I will be there forever...


20 horas e 40 minutos de 23 de janeiro de 2013.