segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Phoenix Marie

E não é que ela voltou?


A fênix Phoenix Marie

pra revelar ao pseudo-veterano o espectro aberto

ensinar como se toca o esôfago exógeno

noites frias e empoeiradas em cima de um papelão

rebolando os super quadris na cabeça do cabeçudo

e eu que pensei que teria morrido

e nunca mais a veria

e agora entrelaçados como ratos

com sujeira do crime ao lado

só que nos encontramos em silêncio

barulheira só na boate lá fora

respingos dum creme de outrora

de tempos de roupagem nova

de vinhos, rum e coca-cola

expropriaram as famílias pobres e nobres

e já não precisamos nos esconder atrás das obras

teu suor corrosivo neutraliza a saliva ácida

benzocaína na genitália

e mais uma noite mal dormida

mil garrafas espalhadas pelo chão

fumaceira da morte

gozos e gozos no rosto, no bojo e no estojo

vampira da minha sucção

edema do enema

toca do tatu é com você mesmo

fosse faceira a face, mas se esconde

resiste até o meu bombardeio Pearl Harbor

como coelhinha encurralada

clamando a voltarmos ao passado

num tempo em que tudo era mágico

emoções de uma primeira vez

rasgada a cabeça pelo médico errado

após aneurismas, derrames e infartes

orifício de ouro estilhaçado

aberto e arrombado

continuamos novamente a nossa barbeiragem

mesmo estando definitivamente esclerosados.


Meia-noite e 17 minutos de 20 de julho de 2013.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Os três loucos

São três loucos

dois sentados, um em pé

os sentados conversam

o em pé rebola

um mastiga a fita

a outra enxerga margaridas

barrigão avantajado

escondido pelo breguíssimo casaco

o manco pergunta a estação e a hora

de estação em estação

e a louca camaleão

enxerga quatro gordos e um colchão.


Depois de meia hora de muita sabedoria

sabem mais do que os outros que fingem alegria

desce um no Paraíso, outro encontra Mariana

e a última louquinha descansa embaixo de uma árvore

essa é a vida dos que tem pouca sanidade

e muita barriga.


Meio-dia e 54 minutos de 11 de junho de 2013.

Repouso na tapera

Destes morros nem um pouco uivantes

descanso minha cabeça e dorso

recomendo osso morto pro almoço

escondo o rosto no momento do coito

estúpido sincero, nunca bestial

anjo bom e anjo mal

umideza e o sol andam juntos

e o frio é sempre relativo

todos juntos na mesma condição

apesar dos olhos esbugalhados sobre o pidão

pança cheia é certeza

felicidade, decerto a incerteza

bananal sem bananas

e beijo sem gosto

pois a tapera está lá e sempre estará

passe Cristo, passe morto

passem gentes, passem vidas

e os muros esverdeados fazem sombra

deita e rola e chora e engole

a seco o que podia molhar

roe o último osso antes de ir embora

sai dando esmolas, acabaram-se as drogas

pinos e caprinos estarão te esperando

para sempre lembrar

daquele velho epíteto de alegria.


15 horas e 5 minutos de 28 de abril de 2013.

Meteorologia

Eu sempre disse que era melhor confiar no pajé...


22 de julho de 2013.

Interioridades/Exterioridades

Uma pegada ecológica

previsível ou quase imóvel

no porvir do relógio biológico

erupciona, mas não alucinógeno.


Desdenhoso encontro

com cheiro de coito

aquele velho, e velho, encosto

persiste em rasgar meu rosto.


Déspota da desilusão

tinhoso gosto do colchão

esclarecido por entre tapas

foi por ti que perdi meu pulmão.


Hora de trancar os olhos

d'esquecer os galhos

comprometido com a prontidão

escravagismo voluntário.


Quem sabe?


23 horas e 9 minutos de 2 de abril de 2013.

Metrópole

Na metrópole caminhos errados não faltam.


3 de agosto de 2013.

Tentação

Perna cabeluda

mal gosto nos calçados

cabelos mal pintados

e rosto de cansaço...

Mas se entregasse em meus braços

te faria rainha do meu falo

dona dos meus afagos

minha saliva em tua genitália

carinho conspícuo e diário.


21 horas e 57 minutos de 1º de abril de 2013.