sábado, 28 de abril de 2012

Na luta do dia-a-dia

Eu não vivo

eu sobrevivo

não restam pingos

de lágrimas, nem sorrisos

só bocas famintas

presenciando a miséria viva

enquanto uns moralizam

outros tentam encher a barriga

e o que sobra para o pobre

que tem sede, tem fome

e não mora em bairro nobre

com os pés na terra

e a cabeça vazia

ainda querem que eu lute

eu vou pra guerra

do dia-a-dia

passando aperto

pra poder sustentar família

eu encho o cesto

de comida

aí é só alegria.


14 horas de 30 de janeiro de 2012.

Cigarritcho

Queira ou não

um cigarritcho substitui o pão.


Quando a fome aperta

a fumaça resolve.


Se o frio te esfaqueia

brasa quente incendeia.


Um golitcho de cana

pra virar sussuarana.


O álcool queima as tripas

aquece a barriga vazia.


E se você não sente dó

é porque ainda não viveu o pior.


23 horas e 1 minuto de 19 de dezembro de 2011.

sábado, 14 de abril de 2012

Deixa-me o Sol

Pede ao Cristo, pede ao tronco

pede à bola, pede à Lua

Tua face nua e crua

nas paredes de Istambul


Corre tão dependurado

pelo seu imaginário

Foge quieto irritante

não enxerga o horizonte


Olha o porco destroçado

requentado do amanhã

Olhos torpes e fechados

na manhã ensolarada.


9 horas e 27 minutos de 3 de janeiro de 2012.