segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O Pênis

O pênis penetra

adentra discreto

e sem recompensa.


Pela falta de uso

abusa do intruso

na mão curva.


A cabeça padece

encoberta de estresse

fingindo que foge

desse passado em S.


Ó, presente tão vil

e vão que faliu

que no tempo de agora

descansa, e aguarda sem demora.


Ano de 2010.

Poesia sem título sexta

Augúrio do tempo, tristeza latente, fingi, eu sei e você talvez

Um coração muito sensível, mas pouco importa o que pensam os outros

Solitário no mundo como uma bomba preste a explodir

Tic-tac de um sorriso colorido e enigmatizado pela obscuridade do tempo

Avante guerra, camarada

Eles nunca saberão

Quem sou e o que penso

Não é preciso dizer quem tu és, pois a alma liberta não possui adagas

Só que o passado se funde ao presente numa grossa e forte corrente de aço

E o sol que brilha lá fora ilumina estas garras que me prendem

Esqueço-me da modernidade para dar espaço ao tempo antigo, que por certo não volta, nem a emoção, nem a tristeza

E os transeuntes buscam o sucesso

e dão opinião, mas fique tranquilo, tudo passa e nada restará

A diferença é o amor que crava em seus corações inexoravelmente ao tardar da noite

E ao tentar encontrar o equilíbrio e a direção a seguir

Encontra uma sátira verdadeiramente irresistível que te trai e te leva de volta

com a mão no coração é que busca a resposta

Fique tranquilo, esqueça, ao fim nada restará

Esquecido pela noite como num golpe mortal

eu vejo seu reflexo no espelho

e quero navegar, e te ouço assoviar

Mas nada encontro

E todas aquelas noites de fumagem de nada valeram

A vertigem da vida acaba na próxima estação que te dirá aonde ir.


14 horas e 13 minutos de 16 de janeiro de 2011.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Conto

Conto meus dias pela quantidade de horas de trabalho

Conto meus amores pelas inúmeras desilusões vividas

Conto meus dias de vida pelas bitucas apagadas no cinzeiro

Conto minhas alegrias pelos bons momentos do passado

Conto meus companheiros pelos diversos indivíduos indesejáveis ao redor

Conto meu dinheiro pelo preço dos pacotes de feijão

Conto minhas músicas pelas repetidas notas desafinadas

Conto meus exames pela concentração de granulações tóxicas

Conto meus livros pelo número de páginas rasgadas

Conto meus sapatos pelos furos em suas solas

Conto meus programas pelas infinitas informações errôneas

Conto meus familiares pelas habituais hipocrisias

Conto minha liberdade pelas fixas correntes em meus pés

Conto meu tempo pelas noites mal dormidas

Conto minha fala pelo valor das ligações

Conto meus porres pela quantidade de copos d'água

Conto minhas dores pelas cápsulas ingeridas

Conto minhas viagens pelos finais de semana ociosos

Conto minhas drogas pelos êxtases alcançados

Conto minha fome pelos espaços vazios no armário

Conto meus conhecimentos pelas frequentes aulas cabuladas

Conto minhas histórias pelas memórias esquecidas

Conto minhas conquistas pelos viciosos fracassos no caminho

Conto meu sexo pelos tristes romances não terminados

Por fim, conto meu futuro pelas feridas ressonantes do passado.


20 horas e 31 minutos de 28 de janeiro de 2011.