Fumaça azulada pelos raios da manhã
fumaça espessa cristalina
queria enfiar a cara na boca da chaminé
e padecer lentamente.
Monóxido de carbono por monóxido de carbono
cheiro de óleo diesel é frutado
e fumaça de caminhão tem cheiro de chocolate.
O bebê que acorda aos berros clamando por sua mamadeira de puro cloro
e o pai de família que levanta com fome de ferrugem de ferro
enquanto a mãe prepara o chorume bem fresquinho.
O fogo que queima ininterruptamente
não dá sossêgo ao ego intoxicado.
Abre a porta com cuidado, mãe
que o rio corrosivo invade logo o barraco
mas não esquece de engolir tudo
quando o Dr. Alcides chegar.
Todo dia de manhã
não esquece de lamber o enxofre incrustado na caldeira
e beber o detergente industrial meio-agradável
e traz pra mim a querosene diluída
que é pra eu não poder me afogar.
7 horas e 5 minutos de 28 de novembro de 2011.
Este texto consegue ser poema urbano e surrealista, tal é o surrealismo da realidade vivida por essas vidas no limite. Mais uma vez parabéns por outro ótimo momento em que transforma dura realidade em poesia de qualidade.
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