quarta-feira, 16 de abril de 2014

Cinzas

A minha festa de Carnaval

começa nas Cinzas

literalmente cinzas

no cachimbo de prata esterlina

de mendigo.


Uma folha de ouro

da rua

perfurada, nua e crua

incendeia a brasa

da folia que não foi.


A música do samba

sai do tambor

para as caixas acústicas

enquanto a língua degusta

o sabor amargo e a dor.


Festeja sozinho

a festa de um povo inteiro

regando o meu próprio terreiro

até vir a chuva

e levar as cinzas

para outros carnavais.


Quarta-feira de cinzas do ano de 2014.

Destrava

Travei ainda no flerte... mais uma vez.


10 de agosto de 2013.

Espinha de Droga

Dá na testa, dá na orelha

explode o seu Sardenha

reencontra sua crença

na caixinha de surpresas

alumínio espedaçado

no nariz e na orelha

reencontra sua fossa

no esgoto de outro alheio

se é alheiro de outro homem

despedida em reencontro

acneica esta bola

que me cresce o dia inteiro.


21 horas e 26 minutos de 22 de agosto de 2013.

Viela, calado

Rapazote acelerado

que ainda não foi caguetado

sorte desse moço ressabiado

corte e costura na viela ao lado

duas da matina alucinado

reverbera o pulmão ensanguentado

olho vermelho e o peito afogado

enterrado e esgotado

desta luta incansável

ferida incurável

vício maldito e inseparável.


Duas e cinco da matina de 29 de agosto de 2013.