terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Fim de Tarde

Fechou a porta

eu acendo meu cigarro

de papoula avermelhada

leva aos mundos encantados

meu olhar ensolarado

minha mente infreável

sob a tosse engasgada

alimento meu pigarro.


Nas veias, nos braços

e sempre no coração

amortece, mas não mata

nem sequer me paralisa

mas ajuda a agonia

esfriar no novo dia.


Depois disso só a cana

desengana e desencana

o pensamento acertado

mais vale um gole

que um beijo mal dado

melhor um porre

do que a hipocrisia mascarada.


Se na fumaça encontro graça

o pulmão agradece

se no fluído etílico encontro um filho

o fígado celebra.


Dez Mil vezes o sublime

ao monótono!


15 horas e 45 minutos de 23 de novembro de 2012.

A Louça

Um prato de porcelana fina

se vem alguém e caga em cima

não adianta água raz nem creolina

o cheiro fica.


É melhor trocar a louça

pra servir essa comida.


Meio-dia e poucos de 29 de outubro de 2012.

Luta de Classes

O criminoso assassinou cruelmente um homem rico...

Ô criminoso bom!


(Observações genéricas com coro)


[ Matou um intelectual?

Ô criminoso bom!

Matou um político?

Ô criminoso bom!

Matou um branco de olhos azuis?

Ô criminoso bom!

Matou um da classe média alta?

Ô criminoso bom!

Matou uma socialite?

Ô criminoso bom!

...

E por aí vai e um dia o mundo será melhor. ]


20 horas e 55 minutos de 18 de outubro de 2012.

Poesia sem título sétima

Ah, bem que fossem maravilhas

sentia falta do bom e velho gosto do vinho Merlot

amargo e forte, graças a Deus!

Infinitamente, não te trocaria!

Feito das mais puras vinhas

vinhas d'almas puras

e'impura alma vinha

me tirar teu velho gosto...

Liberdad'alma, liberdadinha

mais vale um gosto já dizia

jamais encobre este rosto

mostra ao mundo tuas filhas

sem carne e osso, sinapsías.

Voa gaivotinha, voa...


Meia-noite e meia de 17 de outubro de 2012.

Guerrilheiro

Descansa, corajoso!

Descansa!

Mostra tua face frente à guerra

Mostra tua cara ensanguentada

Esconde a ferida e mostra a arma

Não deixe que o tirano o destrua

Desamarra!

Não volte para casa

Com a guerra interminada

Reza por teus filhos

Tua mulher

Ela te espera!

Morra, mas com honra!

Não deixe que o tirano o destrua

Volte para casa

Só com a guerra terminada

Descansa, corajoso!

Descansa!


19 horas e 43 minutos de 18 de outubro de 2012.

Egoísmo

Como disse o poeta: “Da minha merda, o dono sou eu!”


15 horas e 39 minutos de 25 de novembro de 2012.

Les Blondes

Estas loiras de hoje em dia

não são burras, são medonhas

são pedaços mais escrotos

que rodeiam os urubus

teus sorrisos tão secretos

são hipocrisias certas

tua baba envenenada

mata trouxas e insanos

cretinice e falsidade

fazem o seu dia-a-dia

no salão do Renatinho

se embelezam com Karina

pensam que são melhores

mas não passam de fezes

cor de gema de ovo.


21 de março de 2012.

Primeiro Amor

O “premiere amour”

Quando a chuva canta em meu ouvido e a brisa fresca trazida pelo vento em minha face me fazem pensar

Quão belo é o primeiro amor, o amor puro, o amor sincero

E se os trovões ensurdecem-me e os raios cegam-me, mesmo assim aquela bela lembrança ainda permanece

E permanece, permanece sabe-se lá porque

A ilusão adolescente é talvez o que faz as lembranças manterem-se vívidas

Como um filme que você assistiu uma única vez e nunca mais encontrou

Procurou em todas as gavetas, em todos os cantos, e não encontrou

E vira-e-mexe você consegue assistir ao trailer, apenas alguns flashes

Mas mesmo assim vale à pena, pois as boas lembranças são sempre bem-vindas

É que o brilho nos olhos às vezes assusta

O agora tão triste, tão só

E ao redor todos brincam, todos amam

E aqui o mundo não muda, continua igual

Igual a ontem, igual ao hoje, talvez igual o amanhã

Melhor que seja assim, assim de vez em quando recebo a visita daquele tempo

E vejo como a vida foi bela

E pensa talvez que daqui pouco tempo posso encontrar um novo “premiere amour”.


18 horas e 16 minutos de 18 de março de 2011.

Aroeira

Aroeira me dá suas flores ao vento

Aroeira me dá seu perfume sem cheiro

tuas pétalas alimentam as massas

microscópicas

no lodo sujo e fedorento

Massas muito mais dignas

que a existência humana

Elas têm sentido


Aroeira iluminada por luzes eletrônicas

me dá seu descanso

me dá seu conforto

Sábia gimnosperma

me aloca tuas sábias idéias


E se um dia te matarem

e só sobrarem os matos

mato quem te matou

e guardo comigo teu belo retrato.


22 horas e 5 minutos de 18 de outubro de 2012.