sábado, 7 de setembro de 2013

O Filme de Estrelas

Schumpeter não compete

confete não confere ao bofete

boate não abre a louça

e lesma de chão não abre a boca

cansado deste assado engasgômetro

não mete em mim o que não mete na nonna

cala a bolsa do arcabouço

equilibra a tigela na banguela

desce a serra na pinguela

abre as pernas

e não deixa os filhos verem novela.


Desliga o termômetro

que o degelo congela a barriga

manda pra dentro carne fria

deixa tocar o celular

até acabar os ouvidos

esquenta logo os miúdos

mastiga o feijão graúdo

e deixa de conversadeira.


19 horas e 32 minutos de 10 de fevereiro de 2013.

Por onde eu ando!?

Como se fosse fácil assim... os mesmos lugares, as mesmas telhas e os mesmos pés molhados. Neblina matinal que respirei era poeira doce; o tabaco mastigado. Agora o governador não me deixa nem tragar uma fumacinha limpa naquele velho canto pombalino... não me deixa esfumaçar minhas tristezas. E eu já cansado desta ininterruptamente vida... até os passarinhos se esconderam, parece... Nem mesmo as belas crianças pedindo misérias no farol me alegram.

Deixa escurecer os olhos; deixa fechar a veia. Quando acordar meus braços já estarão acoplados ao maquinário, trabalhando, trabalhando, trabalhando... Que pena! O corpo estava lá, mas a alma já se foi há muito...


Meio-dia e 12 minutos de 17 de julho de 2012.

O Trouxa

O trouxa é aquele que corre atrás da mesmice

caga em cima dos pés

e enche seu dia de cretinice

esquece de sair da redoma

deságua um cano de esgoto

na própria boca.


Iludido por qualquer conversar

acredita na mentira sincera

sabendo que atrás do pano da Pérsia

se escondem agulhas de feras

mesmo assim limpa o chão e diz sorrindo: “bom dia”.


Mas de algo vale a sua existência

decerto que não está por certo

mas pregou com martelo o dedo

numa estaca dura de rachar

agora dá murro nas portas

pra ver se alguém desencosta

numa carta de magia certeira

deita na esteira da dor

escolhe o impossível

mas não expurga do peito o amor.


Buscou um caminho difícil

sai dessa em que entrou

chora sangue, se dopa

faz de conta que voltou

ou vai logo se mexendo

ou de trouxa vão sair dizendo.


Alguma hora aí, de algum dia aí, do ano de 2012.

Aquela cintura

Ainda estou estarrecido

por aquela cintura!


Por aqueles seios

esculpidos dum pingo d'água

'quela figura infantil

e eu na minha pedofilia desvairada.


Por um instante te fixei

na minha mente e coração

menos tempo que'um trago

daqueles.


Seguirei aquela cintura

em minha ingênua e pura

emoção.


Perseguirei teus passos

pelas terras d'Amazônia

ou do Acre, de São Paulo

ou do Brasil

no covil virtual te encontrarei

e em realidade farei

meu desejo de imaginação

desejoso de tua cintura e teus seios

neles encontrarei meu perdão.


21 horas e 53 minutos de 1º de abril de 2013.

Poesia sem título oitava

Xilambuca daqui, xilambuca de lá

mas lá dentro da jaula interna

dentro da velha janela externa

o olhar repreendido pela júbila cisterna

se escondendo em verdadeira trincheira de guerra

cortados os eruditos tocos de perna

pela nostálgica motosserra

após muitos fogos-de-artifício coagulantes

comidas e bebidas delirantes

exposto o pescoço pelo teto solar extravagante

(e não pelo teto torto)

a mil por hora escafedeu-se

para bem longe daquilo que é morto

rodopiando sobre nuvens embriagantes

entre taças de champanhe e alucinógenos variantes

subiu aos céus o bom Jesus

dono do seu próprio nariz

do peito, das pernas e do seu próprio cu!


18 horas e 44 minutos de 3 de janeiro de 2013.