segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Culinária cega

Já são quase meia-noite

e a panela fumega...


A panela que coze no escuro

não coze miúdos, mas coze grãos graúdos

e legumes.


Já são quase meia-noite e meia

e a comida está quase pronta

na panela cheia.


Já é quase uma hora

e a comida está pronta

e o alimento enfim alimenta.


A ceia é servida

numa sala escura e solitária.


Dali a pouco já é quase uma vida,

já é quase uma morte...


E a panela que coze no escuro

continua a fumegar e a cozer

grãos graúdos e legumes...


22 de maio de 2012.

Um comentário:

  1. O poema passa a sensação de solidão. O aspecto aparentemente simples da refeição por si só não é algo a denotar tristeza; seria uma refeição dividida com satisfação com uma família, com amigos, mas, aparentemente, a solidão pesa o peso de uma vida.

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