terça-feira, 8 de outubro de 2013

Repouso na tapera

Destes morros nem um pouco uivantes

descanso minha cabeça e dorso

recomendo osso morto pro almoço

escondo o rosto no momento do coito

estúpido sincero, nunca bestial

anjo bom e anjo mal

umideza e o sol andam juntos

e o frio é sempre relativo

todos juntos na mesma condição

apesar dos olhos esbugalhados sobre o pidão

pança cheia é certeza

felicidade, decerto a incerteza

bananal sem bananas

e beijo sem gosto

pois a tapera está lá e sempre estará

passe Cristo, passe morto

passem gentes, passem vidas

e os muros esverdeados fazem sombra

deita e rola e chora e engole

a seco o que podia molhar

roe o último osso antes de ir embora

sai dando esmolas, acabaram-se as drogas

pinos e caprinos estarão te esperando

para sempre lembrar

daquele velho epíteto de alegria.


15 horas e 5 minutos de 28 de abril de 2013.

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