quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Cebola polida

Comi teu véu de noiva

na noite de núpcias ensolarada

vestida como uma moribunda

você estava e professava:

“Caiam raios em minhas madeixas”

Pobre coitada!


Quebrei os sapatos de cristal

em mil pedaços

e engoli tudo, enquanto

rasgavam minha garganta

deliciava-me!


O vestido que outrora brilhava

agora em sangue se banha

e os olhos de peixe esbugalhados

e os dedos da mão direita tortos

soltam-se do corpo despedaçado.


Patética existência inacabada

risonha morte que a consagra!


19 de março de 2012.

Um comentário:

  1. Manjei tua aparência de recém-casada
    Na escuridão de conúbio insolado
    Trajada como uma exânime
    Você encontrava-se e exercia:
    “Tombavam centelhas em minhas melenas”
    Aziaga miserável!

    Parti os sapatos de cristalino
    Em milhar de nacos
    E degluti tudo, enquanto
    Dilaceravam minha gorja
    Inebriava-me!

    O envergado que dantes fulgia
    Atualmente em seiva se impregna
    e os olhos de peixe esboroados
    e os dedos da garra destra torcidos
    Desprendem-se do físico estilhaçado.

    Comovente vida incompleta
    Ridente fenecimento que a canoniza!


    Indolente lustrosa......isto, é que foi uma vingança macabra.....

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