segunda-feira, 9 de junho de 2014

O Horóscopo e o Crack

Certo dia Rumineu cansou de ruminar e decidiu olhar o horóscopo para ver no que ia dar. Lá dizia que o dia de muito não prometia, e que era bom guardar fatia do quinhão de dinheirinho. Bem no dia em que ele ia visitar aquela tia que vendia crackzinho pra poder comprar vestido. Refletiu o jovem Rumineu, bom temeroso a Deus, se o deus daquele Deus era mesmo o seu deus. Se lembrou daquela amiga que adorava Grécia antiga, se sentou e tomou vinho e até encheu barriga. Lhe dizia que horóscopo era só mitologia, que aquela parafernália no fim de nada valia.

Educado o pobre moço não sabia o que fazer, se gastava os vinte contos ou se deixava desvanecer. Posto o posto de trabalho, e depositadas as mixarias, decidiu enfim que ia atrás das quinquilharias. Como de habitual lá estava o marginal com seu penduricalho de trouxas, para trouxas, embrulhadas em jornal. Fechado o negócio com rapidez, dobrou a esquina Rumineu e deu de cara pálida com o inimigo do freguês. Avisaram os astros, mas o moço não ouviu, seguiram-no os panteras negras até a volta do rio. Sorte tem esse Rumineu, com seus ares bem pomposos, que afastou o olhar daqueles sedentos por ossos novos. E assim voltou com alegria para o lar, temeroso a Deus, continuava a ruminar.


19 horas e 10 minutos de 4 de julho de 2013.

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