segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Dois anos de vadiagem

Completei dois anos de vadiagem e nem percebi

dia dezoito de janeiro de dois mil e treze fui mandando embora

enxotado, espezinhado, posto na rua como um despejado

fugi da polícia, corri pelas vielas da favela

cai no chão de cara na bosta do gato

me caguei todo, fui espancado por três maltrapilhos

bebi urina e meu próprio sangue...


Sai renovado, como um passarinho que aprende a voar

por meses a fio vivi os melhores anos da minha vida

andava pelos parques da cidade, conhecia novos lugares

não falava com ninguém, mas me divertia

morei de favor, vendi drogas, vendi até o meu próprio corpo

me desconectei de tudo...


Mas a realidade voltou em seguida

ao final do melhor ano da minha vida descobri a sangria

minha saliva já não era mais a mesma, meus pensamentos abstratos perdidos no ar

nem meu sexo, tão calorento e selvagem, virou algo minguado que não dá nem vontade...


Completei esses dois anos e agora é a hora

o astrólogo argentino – maldito, pra quê tanta sinceridade? – disse pra deixar pra trás tudo isso

eu, um pouco confuso, que nem lembrei do aniversário trágico, devo me decidir.


Conto com Deus, e ninguém mais!


21 horas e 40 minutos de 18 de janeiro de 2015.

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