sexta-feira, 12 de junho de 2015

Dichavando a roupa do varal com expurgo de gato

Vomitei 400 ml de nitroglicerina com cal virgem de São Tomas de Aquino.

Caguei duas ou três vezes na privada do padre e deixei três ou quatro marcas de bosta.

Nem vi sua assadura nem a minha erupção cutânea.

Nas minhas narinas já não entram mais cloreto de sódio com estricnina.

Não vejo graça na Praça é Nossa nem na vida.

Não vejo nem as crianças que me pedem esmola, nem traficantes descalços fumando cigarros de maconha.

Desci até o décimo quarto subsolo e não encontrei o diabo.

Fui para Osasco atrás de um rabo de saia e só encontrei Trident por um real.

Óculos escuros pra me clarear a vista e sapatênis pra parecer bonito.

Catei quantos coquinhos consegui e descasquei setecentas batatas do jeito que você pediu.

Nada disso me agrada.

Virei para a esquerda pra fugir do Seu Coelho, furei a fila do banco e não estava armado.

A logística da minha vida está enfrentando greves nas estradas.

Se a economia vai mal resolvi encher os bolsos de antrax e sair cumprimentando todo mundo.

Comi um caramujo no vão entre o trem e a plataforma.

Por que Deus não me mandou embora?

Vai ver que simpatizou comigo.

Não servi o exército e não pago imposto de renda.

Não tenho filhos nem animais domésticos, só eu mesmo.

Nunca encabecei revolta nem desvirginei a filha do Seu João.

Escolhi a dedo a pasta de dentes, o enxaguante bucal e o lubrificante íntimo.

Até esqueci minha consulta no Hospital das Clínicas.

Acho que paro por aqui, antes que os gatos do vizinho venham comer minha comida: mingau.


Meio-dia e 3 de 30 de maio de 2015.

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