sábado, 8 de setembro de 2012

Labor d'Inverno

Prancha d'água que corre a ladeira

me ponho na beira para evitar esta noturna escorregadeira

fugindo da água suja traiçoeira

vou perdendo emoções em meio a tanta lameira.


A chuva rasteira que me acerta em cheio

me joga pra longe do meu confortável celeiro

me rasga a garganta com papel de holerite

minha ruína é certeira e indubitavelmente triste.


Se não descanso ali, nem descanso aqui

descobri meu repouso no dia em que morri

e agora aquela prancha d'água matadeira

mata a sede dos vermes que me devoraram delicadamente.


Eles pensavam: “suculentos pedaços de carne de um corpo podre, gordo, sujo, intoxicado e levemente adocicado... agri-doce!”


Meio-dia e 48 minutos de 17 de julho de 2012.

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