domingo, 11 de agosto de 2013

Bruta predião

Um dia olhei pela janela

e vi que fizeram um bruta predião

bem no meio da minha rua

ofuscando os olhos dela

e Eleonora era tão bela

violentada e seminua

agora não vale um tostão

apesar dos dólares do patrão.


No meio-fio vejo roedores

asfalto amarelo sangue

ondas radiofônicas abaixo do chão

motos nas antenas

mil enxames de abelhas

em direção da cabeça do sacristão.


Aquela porta de alumínio que brilha

já não mora ninguém, a senhora morreu

no jardim de trás conversas

só até a meia-noite

o casal que briga com gosto

e os imigrantes trabalhando sem nojo.


Nada fiz, nada pude

para rever a situação

as paredes do meu quarto bem pintadas

e a sombra do colosso engasgada

não é meu o que nunca foi meu

põe as costas a repousar

clamarei eternamente o teu perdão.


19 horas e 26 minutos de 21 de maio de 2013.

Nenhum comentário:

Postar um comentário