segunda-feira, 12 de maio de 2014

Teixeira, o melhor queijo de São Paulo e região

Hoje eu vou gangrenar a face

entupir os sinos paranasais

deslumbrar o olhar turvo

esfumaçar o quarto, a vila e o bairro

encher a barriga de álcool 92

e destruir as velhas adagas

de anos passados, de momentos não vividos

ouvir o som mais alto

incomodar os vizinhos enquanto me acomodo

de olho numa estrada calma

distraindo o tempo

recheando de bombons aromatizados

em poeira que sobe e desce

pois Nicuri é o diabo

vaporiza o que é sólido

grão em grão queimando

de olho n’água

robustos olhos, melhor que escapa

nhô nhô nhô e nhá nhá nhá foram pro céu

descido a costa alta, relutante deste naufrágio

uma selva de pedra de pedras

não queria essa raspa de Teixeira

queijo ralado, marca fraca, vaca pobre

deliciosos recôncavos, dorme velhinho

apodrecido pelo já reorganizado espírito

calço qualquer calo, rapadura é o que não falta

roda a roda redonda em voltas cíclicas de outrora

chegando ao infinito

nada me é restrito, tudo parece possível

juventude de volta, umbilicalmente o umbigo

sabão de coco misturado na narina desagradada

só queria matar a saudade, e fingir que você não vê

nem meu grito, nem meu lamento

mas nem sei mais quanto eu aguento

prefiro não arriscar o intento

melhor mesmo voltar a realidade

e parar de perder meu tempo.


Meia-noite e 35 de 2 de agosto de 2013.

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