domingo, 10 de maio de 2015

Restos consagrados de mim

Olha, o peixe morto voltou

nadando em águas radioativamente ativas

com a boca fincada no anzol

e cheio de droga de peixe na barriga


Não é ômega 3 nem ovas de salmão

não é tintura de polvo nem dente de baiacu

do padre não sobrou nem o sermão

e do negro d’água nem o pau nem o cu


Respingando sêmen no canto esquerdo da boca

escorreu pela garganta a barrigada da sardinha

Iansã estuprada deu uma de louca

e meteu entre as pernas a cabeça da manjubinha


Foi então que Seu Peixuxa acendeu seu charuto

esfumaçando a gleba de 7 por 12

meteu no nariz o canudo

e bateu na filha com aquela velha e enferrujada foice


O peixe fora d’água morria feliz

excretando as vísceras podres de dois anos atrás

eram só os restos consagrados de mim

perdi com violência a virgindade da frente e de trás


Seguia para a fossa abissal

de encontro com os peixes-bruxas

corria no oceano fugindo pelo fundo do quintal

como o casco submerso de uma tartaruga


Encheram de estricnina a boca

e de arsênico o cu

caiu a realidade brava

a morte no mar é verde, vermelha ou azul?


2 horas e 22 minutos de 25 de março de 2015.

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