quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Quarto mês de desemprego

Após a fase de adaptação começa a confusão

tendo teto e colchão tá bom

mas não.


Começa o desespero quando o desejo irrefreável não encontra amparo

inicia-se a sessão tortura da quarta quadratura do mês de junho

pode olhar pro céu que Papai do Céu não está lá não

pode tomar cogumelo alucinógeno ou ácido que a realidade ainda está lá.


De um sonho de criança, de ser vadio na vida está difícil

o caminho pra felicidade é tão longo que eu desisti nas primeiras três quadras

cara, eu tô falando, tá difícil

o saco de arroz acabou e o de feijão também

acabou o suco de caju, a Coca-Cola, a coca e a cola

acabou o cigarro de palha e o de marca

santo Paraguai que salva a vida do fumante brasileiro e fale a Philip Morris.


Cada um que olha vê riqueza nos meus olhos e na minha camisa de vicunha branca

no meu sapatênis e no meu óculos escuro de policial civil

eu só vejo droga no nariz, no pulmão e na barriga.


Um gelo estranho me desce pela garganta

um frio na barriga por conta de um futuro incerto

uma dor nos pés e nas costas.


A brincadeirinha parecia boa… no começo

mas sem desejo e sem vontade eu preciso de dinheiro e de emprego.


Ai, como dói o meu joelho.


8 horas e 41 minutos de 23 de junho de 2015.

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