sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Incurável espera incansável (nº 2)

Maconha, cocaína, crack e cogumelo

são os meus remédios

são três tipos diferentes

e um subdividido

um esfumaçado

o outro narigudo

aquele é uma navalha

e o último alucinado

não me causam arrepio nem espasmos

só dor de barriga, no pescoço e no sovaco

o primeiro eu compro por peso

o segundo e o terceiro por dose individual

e o último por gramas embaladas pelo micólogo regional

não canso nunca desta incansável luta incurável

não me lembro mais da minha infância

a vida passa lenta e rápida ao mesmo tempo

não vejo mais a copa das árvores

nem a cópula dos cavalos

e eu que só copulo com hora marcada

uma semana antes pra não causar desgaste nem sujar o assoalho

não me critica agora, pois nunca se sabe a hora

e o que hoje eu sou pode ser você amanhã com atraso e demora

se você não sabe sua própria história eu sei bem a minha e por onde eu ando

sei quanto custa um saco de batata e dois quilos de manga

sei que se não tomar a pílula nasce um anjo

e os diabos fálicos falem no espaço como um isqueiro velho em chamas

descobri anteontem a terapia, mas ontem mesmo desanimei

perdi quatorze reais andando sem rumo e sem volta

e voltei para casa com a consciência pesada

não pelo dinheiro perdido, mas por Deus que me salva

encobre tudo o que eu fiz e traz de volta a minha paz

me oferece seu clitóris para eu me apaixonar por você

joga água a na minha cabeça pra limpar o sal

me ama como nunca, me descobre outra vez…


11 horas e 34 minutos de 18 de maio de 2015.

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